Projeto de Arquitetura (DPSH, 1988):
Noé Sérgio + Ana Lucia Barros + Graça Nicoloff,
Concepção Cênica e cenotecnia (Fundação de Cultura, 1988/1989):
Leda Alves + Beto Diniz + Jair Miranda
Projeto de Acústica e Detalhamento (ETBR, 1995):Noé Sérgio + Ronaldo Lamour.
A recuperação e reabilitação de dois antigos armazéns de açúcar, voltados para as margens do antigo Cais do Apolo, foi uma das ações estratégicas do processo de revitalização do Bairro do Recife.
O ante projeto foi produzido entre 1988 e 1989 pelo então Departamento de Preservação dos Sítios Históricos – DPSH, a partir de uma demanda da Fundação de Cultura da Cidade do Recife: um teatro experimental, “sem palco”, ampliando as alternativas de encenação para além das possibilidades do palco italiano e plateia convencionais, já oferecidas pelo então recém reinaugurado Teatro Apolo, situado no mesmo terreno, com acesso principal voltado para a rua que ele denomina.
Uma das primeiras preocupações foi entender a relação entre os edifícios numa quadra relativamente extensa. O Teatro Apolo tem suas laterais livres, o que induziu o partido de promover a ligação entre as duas ruas, como um dos elementos de dinamização da quadra e daqueles equipamentos públicos.
Este fluxo induzido atravessa o módulo do Foyer do teatro, evidenciando os espaços de áreas públicas, áreas de acesso restrito e áreas exclusivas de serviço.
A escolha obvia foi manter um dos armazéns como sala de espetáculos, reservando para o outro o acolhimento de público. Outra decisão projetual foi de reforçar a espacialidade dos armazéns, permitindo uma leitura clara da inserção do novo uso na velha edificação. Optou-se pelo uso de uma estrutura independente em ferro em apoio aos pisos de madeira sob o qual encontram-se bilheteria e uma oficina no térreo. No andar superior uma área aberta para ensaios cujo plano de piso rompe a parede para a sala de espetáculos, funcionando como varanda de trabalho voltado para a caixa cênica. No último piso desta estrutura fica a administração.
O piso do foyer em paralelepípedo pretende trazer para o espaço interno o caráter de “rua” ou espaço público como forma de induzir o passante a usar a travessia da quadra, intenção que não vingou por questões administrativas. A disposição das pedras dialoga com a axialidade induzida pela estrutura.
A sala de espetáculos mantém o vazio do velho armazém deixando à mostra não apenas as paredes de tijolo, como toda a estrutura e maquinário teatral: urdimento, varanda de trabalho, malaguetas onde é preso o cordame, varas de luz e refletores. O piso em réguas de freijó e as portas em sanduiche de fibra de vidro reforçam a acústica da sala.
A disposição do publico fica a critério do diretor do espetáculo. O teatro conta com arquibancadas móveis mas já foram usadas cadeiras, tamboretes ou mesmo uma combinação destes.
O desenvolvimento foi retomado em 1995, no Escritório Técnico do Bairro do Recife, com a participação do Arquiteto Ronaldo Lamour, que contribuiu com as questões de acústica e o detalhamento.